perder peso é sempre uma variável na equação da vida de uma mulher, seja em que fase for, seja em que mulher for, temos sempre esta coisa a pairar à nossa volta,
digam-me que é construído, convenções da sociedade moderna, antifeminista, sim, pode ser, não discordo, mas a verdade é que está lá, mesmo quando achamos que estamos bem, hovering in the background,
eu tenho o problema, problema entre aspas, tá, de ser pequena, nem um metro e sessenta, visto um 36 ou um 38, por isso parece que me estou a queixar de barriga cheia quando digo que preciso perder peso, as pessoas olham-me incrédulas, altivas, a achar-me mimada, desconectada da realidade, etc, etc, e aí perco a vontade de explicar, que não me sinto bem, que não quero ter uma barriguinha, não quero que me perguntem se estou grávida, não quero que a mãe da Ana me diga sem qualquer tipo de sensibilidade, depois de não me ver há anos, estás mais gorda!, não quero que a minha mãe me chame fofinha, não quero sentir o meu papo quando estou a ler deitada, quero poder vestir um biquini sem me sentir mal, falar com as minhas amigas em portugal no FaceTime e não me perguntar como é que todas ficam tão magras, e por aí fora,
ninguém me pode dizer o que me faz sentir mal
sempre gostei de fazer desporto, fazia natação em adolescente, uma vez fui à reboleira fazer estafetas em competição, devia ter uns quatorze anos, estava com o período e não tinha muita experiência com tampões, ganhei o corta-mato na escola, fiquei em nono no regional e espalhei-me no distrital, havia muitas subidas e descidas, aqui na Alemanha já corri duas vezes uma meia-maratona, quando tinha tempo para treinar essas coisas, quando vais correr 15km tens que ter mais de uma hora para treinar, sabes, enfim, não me custa(va) fazer desporto,
também gosto muito de comer, vivo com alguém que também é assim, e isso influencia, bom, tudo na minha jornada de perder peso, não posso com dietas, as poucas vezes que me rendi, acabei sempre por ganhar imenso peso a seguir, quando fui viver sozinha a primeira vez, erasmus na hungria, engordei 7kg em três meses, não liguei nada, apesar de me lembrar de comentários de quando ainda estava no facebook, alimentadinha como eu gosto, que raio de coisa de se dizer, cheguei a portugal e emagreci tudo outra vez, tinha dezanove anos,
agora tenho trinta e alimento-me melhor, há sempre verduras às refeições, à noite muitas vezes uma sopinha, só há chocolate negro em casa, o meu Fitbit diz-me para beber água, antes de ficar em casa três semanas por causa do vírus estava a correr e a nadar, quando não chove chego a fazer 50km de bicicleta por semana,
não perdi peso nenhum
e dizem, ah, o metabolismo, ah, o peso não é tudo, ah, ah, ah, e eu estou farta de tentar e ter motivação para três dias e pedir takeaway no quarto, porque nada muda, é uma frustração sem igual, enraizada já no próximo surto de agora é que é, beach body, não ter roupa apertada, fechar os casacos sem ter que encolher a barriga, sentir-me sexy, essas coisas
nunca escrevi tão concretamente sobre isto, estou sempre a tentar coisas novas para dar a volta à minha estagnação, por um lado quero que me contes as tuas experiências também, por outro, sou teimosa e sei que nada do que funcionou para ti vai funcionar para mim, já experimentei tudo,
isto é só arrogância e inércia, não leves a peito, beijinhos
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