há uma zona disso, sabias, e eu ando ultimamente a viajar bem fora dela, a tentar chegar perto da linha fronteiriça a partir da qual já posso respirar, a partir da qual não me sinto uma representação fraudulenta de mim mesma, sempre fui um pouco dramática, isso já sabias,
tenho uma tendência um tanto quanto masoquista de dizer que sim, sempre que sim, mesmo começando o ano a estabelecer claramente que vou dizer mais que não, chego a esta altura, mais ou a menos a meio, atenção, falamos aqui de anos letivos, até parece que não sabes que é assim que o meu calendário é gerido (esta volta toda para não conjugar o verbo gerir na primeira pessoa), chego a esta altura e já pouco respiro, as costas num nó, o calendário a relembrar-me que já só faltam três semanas para as férias, e que até lá não há um único dia completamente livre, onde já se viu,
se fosse um amigo meu, não hesitaria em condenar este tipo de comportamento, nocivo, intensivo, mas cada vez me esqueço de ser amiga de mim mesma, pois que chega esta altura do ano e eu estou perto de um breaking point, sinto as costas num nó ou um nó nas costas cada vez que respiro fundo, uma montanha de tarefas por fazer e pouca vontade, muito pouca,
tipo hoje, não fui trabalhar, porque me sinto overwhelmed, já sabes que isto aqui é em várias línguas, e não te queixes pois ainda não comecei meter palavras em alemão, e poderia ter aproveitado o tempo para adiantar tudo o que tenho para amanhã, mas em vez disso já li o meu livro, um blog, as notícias, lavei roupa, fui com o cão à rua, fiz o almoço, respondi a alguns e-mails, e estou a escrever este post,
ainda tenho um monte de coisas para fazer
(isto é uma espécie de diário, certo?)
neste momento eis a minha vida de trabalho
20 horas lectivas de aulas numa escola secundária, mais 3 de reuniões obrigatórias, mais 2 de substituição, mais 6 de preparação e correção em casa, 2 horas a dirigir o meu coro amador, mais 1 hora de preparação, mais 8 horas a dar aulas privadas de canto e piano, aqui já vai uma semana laboral de 42 horas
como se não bastasse, aceitei mais um trabalho louco a dirigir um coro a alto nível onde sinto que preciso de dez horas para preparar cada ensaio,
aos fins de semanas tenho ensaios onde canto eu num coro e ocasionalmente ensaios com o meu guitarrista num projecto a dois, uma vez por mês uma aula de canto, propus-me a fazer todos os dias 15 minutos de italiano e estou a treinar para uma meia maratona
é de loucos, não é? eu sei.
se esse ponto final não demonstra a seriedade com que estou a encarar esta situação, então não me deves conhecer muito bem,
espero vir cá daqui a pouco tempo e dizer, que louca, Marta, que estupidez, ainda bem que deixaste de fazer x/z/y
já não é abstrato, agora é começar a andar, vamos, um pé pequenino à frente do outro
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